Jogo Sujo

“A mulher tem que ocupar mais espaços”, diz presidente da Caixa

Apesar de ter 87 mil empregados, a Caixa se prepara para aumentar esse quadro por meio de um concurso para a contratação de mais 4 mil funcionários. Foi o que adiantou, ontem, o presidente da instituição, Carlos Vieira Fernandes, em entrevista ao CB.Poder — parceria entre o Correio Braziliense e a TV Brasília. Na conversa com os jornalistas Ana Maria Campos e Carlos Alexandre Souza, destacou que o banco está empenhado em aumentar o quadro feminino — sobretudo, nos postos com poder de decisão — e que vem fazendo um grande investimento em segurança digital e maior proximidade com o cliente, via aplicativos. Nessa conversa, Fernandes tratou, ainda, de sustentabilidade, conversão energética e gestão de programas do governo federal. Leia a seguir os principais pontos da entrevista.

Quantos empregados a Caixa tem hoje?

Tem 87 mil empregados. Temos concurso agora, as inscrições vão até 25 de março, para nível médio. A gente sente que, com esse concurso, se a educação também é uma coisa sustentável, quando você lança um concurso dessa magnitude, de 4 mil novos empregados, está ajudando também a educação do país, porque as pessoas se dedicam a estudar, a se qualificar. O salário inicial da Caixa é arredondado para R$ 3,7 mil de forma bruta. Tem o tíquete alimentação, de mais de R$ 2 mil; tem a participação nos resultados da Caixa também como uma forma de incentivo. Duas vezes no ano, por semestre, damos a chamada Prestação nos Lucros da Empresa e Resultado (PLR). Em média, dá uns R$ 6 mil de partida. Além disso, o plano de saúde.

E a transformação tecnológica da Caixa? O que vocês estão fazendo?

Tive a oportunidade de me especializar nesse segmento do mundo digital. E estamos fazendo uma grande transformação digital, um movimento de mudança de processo. Operações que levavam três, cinco dias, hoje, em segundos, a gente faz. A sociedade ganha, nós ganhamos, o empregado ganha com essa visão. Temos estimulado muito o movimento digital, não há como fugir dele. Está aí a inteligência artificial como um elemento transformador das relações de conhecimento na sociedade. E a Caixa está utilizando a IA em alguns dos seus processos, como o de inovação do Fundo Compensação de Variação Salarial (FCVS).

Temos visto grandes bancos sendo usados para fraudes. O estelionatário liga, se faz passar pela instituição. Que providências vêm sendo tomadas?

O próprio banco alerta aos clientes para que essas fraudes sejam evitadas. No caso da Caixa, qualquer identificação que temos de contato, acionamos os mecanismos institucionais para identificar de onde está partindo — tem todo um sistema. Aperfeiçoamos o sistema de segurança, temos poucas fraudes na Caixa. Um outro aspecto disso é que quanto mais se torna digital a relação, menor a incidência de fraude. Em todos os processos, a Caixa gera identificação facial, que é o que tem de mais moderno no sentido de identificar quem é o cliente que vai estabelecer um relacionamento.

A Caixa é responsável pelo pagamento dos programas sociais do governo e ganhou mais uma missão: o Pé de Meia, do Ministério da Educação.

Esse programa vai beneficiar 2,5 milhões alunos do ensino médio das escolas públicas. Tem um propósito muito importante, o de manter o aluno na sala de aula. O Brasil tem uma evasão escolar muito significativa. Começa em 26 de março o pagamento dos primeiros lotes, tem uma correlação do calendário com a data do nascimento do aluno.

E sobre as mulheres na Caixa? Existe algum incentivo para progressão, para que ocupem espaços de decisão?

Esse é um assunto muito importante para nós, principalmente para mim, que substituí uma mulher [sua antecessora foi Rita Serrano]. Criamos uma série de medidas. A questão de gênero é fundamental, tem que ser discutida e entendo que não passa só pela questão de gênero em si, mas por todo um programa de qualificação das mulheres para que possam ocupar o espaço não só pela conceito do gênero — que possam, enquanto executivas, terem capacidade. Não que não tenham hoje, mas estamos estimulando cada vez mais, para que possam ocupar um espaço com muito mais qualificação. Nas primeiras faixas de gerenciamento, quase 50% dos cargos iniciais da Caixa são do gênero feminino, mas, quando começa a afunilar, vai diminuindo a participação — tem que identificar as causas.

O senhor criou uma Vice-Presidência de Sustentabilidade. Como está sendo esse trabalho?

Um dos nossos princípios é trazer a visibilidade. Por ser um banco público, pode ancorar seus resultados nos princípios que sustentam a ODS — os objetivos de desenvolvimento sustentável, que foram criados para a agenda 2030. A gente tem uma grande oportunidade, pela Caixa, de fazer diferença no sistema financeiro, e no sistema bancário usando os princípios da ODS.

De que forma a Caixa está contribuindo para ser uma instituição mais sustentável?

Os créditos colocados no mercado, em 2023, (de) R$ 1,120 trilhão, R$ 775 bilhões estão produzidos em sistemas de crédito, que têm o princípio da sustentabilidade ancorando essas ações. Por exemplo: a grande carteira que temos que é a habitação, o crédito habitacional, o Minha Casa Minha Vida — todo esse conjunto de negócios, em torno desses sistemas, tem o princípio da sustentabilidade. Na construção civil, a reutilização de resíduos, modelos construtivos que tenham menos impacto socioambiental. Assim, temos dado uma contribuição concreta.

Outra ação em que a Caixa está envolvida é com a transição energética.

O Brasil utiliza, hoje, 170 gigawatts de energia e precisa crescer. Se a gente cresce a uma taxa de PIB de 3% ou 4%, essa matriz energética precisa ser reforçada. E um grande estímulo a esse reforço são, exatamente, as fontes renováveis — eólica, fotovoltaica. Já começamos um primeiro piloto na Caixa; algumas unidades recebem energia de fonte renovável. Internamente, na Caixa há um consumo muito expressivo de energia, quase 4,5 mil unidades espalhadas pelo Brasil.

Uma tradição da Caixa é em relação à habitação. Quais as metas para 2024?

A Caixa vai manter o ritmo de crescimento — são quase R$ 200 bilhões que colocamos por ano. Queremos crescer nesse estímulo ao crédito imobiliário. Para cada bilhão que você coloca, são 150 mil empregos gerados na cadeia produtiva como um todo. É um estímulo importante.

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Redação

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