Jogo Sujo

MPF denuncia ex-diretor da Dersa por lavagem de dinheiro referente a propina de obras públicas em SP

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou à Justiça Federal o ex-diretor da estatal paulista Dersa, Paulo Vieira de Souza, por lavagem de dinheiro. Segundo os procuradores da República que compõem a Força-Tarefa da Lava Jato em São Paulo, Paulo Vieira, conhecido como Paulo Preto, a ex-mulher dele e as duas filhas montaram um esquema de empresas para dissimular e lavar mais de R$ 3 milhões de propina e corrupção pagos por empresários para a obtenção de contratos de obras públicas no estado.

A denúncia aponta que Paulo Vieira, operador financeiro ligado ao PSDB, utilizou-se até de um hotel em Ubatuba, no litoral Norte de São Paulo, “para lavar dinheiro que teria sido obtido de maneira criminosa”, decorrente de desvios de obras públicas, como a construção do Rodoanel Sul.

“[Paulo Vieira] coordenou cartel de construtoras em obras da Dersa e recebeu propina de diversas empresas, em montantes que somam quase R$ 20 milhões. Parte desses valores foram alvo de operações de lavagem transnacional realizadas via offshore, também já alvo de denúncia anterior da Lava Jato. A outra parte desses valores, mantida no Brasil, começou a ser investigada mais detalhadamente a partir da operação Pasalimani, realizada em outubro do ano passado. A análise do material apreendido, aliada às evidências obtidas anteriormente, indicou que Paulo Vieira de Souza utilizava duas empresas da família – o hotel Giprita Ltda e a P3T Empreendimentos e Participações – para ocultar a origem de valores e bens ilícitos por ele angariados em razão de seu cargo na Dersa”, aponta a denúncia do MPF apresentada à Justiça.

O advogado de Paulo Vieira, Alessandro Silverio, disse que só irá se manifestar no processo.

Paulo Vieira já teve bens bloqueados pela Justiça Federal em 2019 para assegurar a devolução de parte do dinheiro obtido em crimes de corrupção, peculado (desvio de dinheiro público) e cartel. Em março de 2019, ele foi condenado a 145 anos de prisão por por peculato, associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema público nas obras do Rodoanel Sul, em São Paulo.

Segundo o MPF, a família desviou e se apropriou de recursos da Dersa que seriam usados para o pagamento de reassentamentos decorrentes de obras. Os procuradores dizem que, “em decorrência do cargo ocupado na Dersa, “tinha ingerência direta tanto na continuidade das obras do Rodoanel Sul quanto na formatação de obras do Sistema Viário Estratégico Metropolitano de São Paulo, circunstância que lhe permitiu solicitar propina às empresas envolvidas nas obras”.

O ex-operador do PSDB também já havia sido condenado pela Justiça Federal a 27 anos de prisão devido a irregularidades em obras do trecho sul do Rodoanel e do Sistema Viário Metropolitano de São Paulo entre 2004 e 2015.

Paulo Vieira de Souza foi diretor da Dersa, empresa estatal paulista de construção e manutenção de rodovias, de 2005 a 2010, durante os governos de Geraldo Alckmin e José Serra, do PSDB.

Ele também foi preso preventivamente em 2019, na 60ª fase da Operação Lava Jato.

Foto: Reprodução de TV

Redação

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