A sociedade boliviana mostrou preferência por mudanças, mantendo uma abordagem moderada e sem rupturas radicais. Após quase duas décadas de governos de esquerda, Rodrigo Paz, senador de 58 anos, assumirá a presidência da Bolívia em 8 de novembro, após vencer o segundo turno contra Jorge Tuto Quiroga, com 54% dos votos. Paz chega com propostas de desregulamentação da economia, tentando equilibrar o crescimento econômico com políticas de inclusão social.
Durante sua campanha, Paz prometeu promover um “capitalismo para todos” e acabar com o que chamou de “Estado tranca”, um sistema burocrático que impede o desenvolvimento econômico. Suas propostas envolvem cortes de impostos, estímulo ao crédito, subsídios diferenciados para combustíveis e maior descentralização orçamentária entre os departamentos e províncias. Filhos do ex-presidente Jaime Paz Zamora, líder do Movimento de Esquerda Revolucionária, Paz tem uma trajetória marcada por mudanças de partido e por uma postura moderada, evitando polarizações.
Apesar de sua longa história na política, Paz se apresentou como um outsider nas eleições, garantindo apoio ao setor popular, que anteriormente apoiava candidatos de esquerda como Evo Morales e Luis Arce. A derrota expressiva do MAS, partido de Morales, no primeiro turno, foi um marco da mudança de preferência dos eleitores, especialmente entre os setores mais tradicionais e povos indígenas.
Nascido na Espanha em 1967, durante um período de instabilidade política na Bolívia, Paz cresceu em diversos países devido ao exílio de sua família. Após a recuperação da democracia na Bolívia e ao assumir de seu pai como vice-presidente em 1982, Paz retornou ao país na adolescência. Fez seus estudos nos Estados Unidos, na American University, e ao longo dos anos construiu uma carreira na política, atuando como deputado, vereador e prefeito de Tarija.
Com uma postura moderada e voltada ao diálogo, Paz busca um estilo de governança centrado na produção e no crescimento coletivo, distanciando-se dos extremos ideológicos. Sua proposta econômica prioriza a reativação da economia boliviana, enfrentando problemas como alta inflação e desvalorização da moeda, com planos de criar um fundo de estabilização do dólar e ampliar a inclusão bancária, combatendo a alta informalidade no país.
Defensor da descentralização, Paz propõe maior autonomia às regiões na gestão de recursos públicos, baseando-se em sua experiência como prefeito de Tarija, onde implementou políticas de autonomia local. Com foco na recuperação econômica e na confiança institucional, seu governo enfrentará o desafio de estabilizar e revigorar a Bolívia, buscando um equilíbrio entre desenvolvimento econômico e justiça social.






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