Prisão histórica de Nicolas Sarkozy marca início de uma nova fase na política francesa

Nicolas Sarkozy tornou-se nesta terça-feira, 21 de outubro, o primeiro ex-chefe de Estado francês a ser preso desde o fim da Segunda Guerra Mundial, acusado de financiamento ilegal de sua campanha presidencial de 2007 com dinheiro líbio. O ex-presidente conservador, que governou entre 2007 e 2012, se entregou na prisão de La Santé, em Paris, para cumprir uma pena de cinco anos por associação ilícita, determinada por um tribunal em setembro. Antes de sua prisão, Sarkozy criticou o procedimento nas redes sociais, chamando o episódio de “escândalo judicial” e indicando que “a verdade triunfará”, embora tenha reconhecido o impacto “esmagador”. Sua detenção foi marcada por manifestações de apoio em Paris, com pessoas clamando por ele enquanto era levado à prisão, que provavelmente o manterá em isolamento na área de confinamento de La Santé, que dispõe de celas de nove metros quadrados. Sarkozy, que nasceu em 28 de janeiro de 1955, já havia enfrentado condenações anteriores por corrupção e tráfico de influência, além de estar envolvido em outros processos judiciais. Sua prisão ocorre num contexto de debates sobre a independência do judiciário e a política francesa, refletindo um momento histórico, pois é o primeiro ex-chefe de Estado francês a ser preso desde a Segunda Guerra Mundial, uma distinção que remete ao caso de Philippe Pétain. A condenação está relacionada às obras do tribunal que apontaram que recursos provenientes da Líbia foram utilizados para financiar ilegalmente sua campanha, apesar de não haver prova definitiva de uso final desse dinheiro. Seus advogados solicitaram sua liberdade condicional, que está sendo avaliada pela justiça, enquanto a opinião pública permanece dividida entre indignação e apoio. A visita do ministro da Justiça ao ex-presidente na prisão gerou debates sobre a independência do sistema judicial, enquanto a opinião pública de setores da direita e da extrema direita tem mostrado divisão quanto à condenação.