Jogo Sujo

Delator afirma que Pezão recebeu R$ 30 milhões de suborno

Pezão

O operador do esquema Carlos Miranda relatou detalhes sobre mesadas e bônus pagos ao então vice-governador do Rio. O ex-presidente do TCE, Jonas Lopes, confirmou o recebimento do dinheiro inclusive quando o político estava licenciado para tratar-se de um câncer

O ex-governador do Rio de Janeiro Luiz Fernando Pezão, atualmente preso, recebeu cerca de R$ 30 milhões em propina, no período em que era vice-governador do estado, na gestão de Sérgio Cabral. A afirmação foi feita pelo delator Carlos Miranda, que atuava como operador financeiro no governo, em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal. Pezão foi vice de Cabral entre 2007 e 2014.

Segundo Miranda, os valores recebidos incluíam uma mesada fixa de R$ 150 mil, uma 13ª mesada e quantias extras milionárias, pagas como bônus, entre 2007 e 2014. “Dava uns R$ 2 milhões por ano [mais o bônus]. Na primeira vez o bônus foi R$ 1,5 milhão e, na segunda vez, se não me engano, foi R$ 1 milhão. Em 2008, teve o ano inteiro, mais o 13º, mais o bônus da High End [sistema de som em sua casa]”, disse Miranda.

Dinheiro foi pago inclusive quando Pezão estava de licença para tratar-se de um câncer
Em depoimento, o ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Jonas Lopes afirmou que Pezão teria autorizado o pagamento de propina mesmo no período em que estava licenciado por conta do tratamento de um câncer. Jonas contou que, quando Pezão assumiu o governo depois da renúncia de Cabral, em abril de 2014, ouviu do novo governador que quem continuaria tratando dos acertos no tribunal seria o secretário de Obras Hudson Braga. 

O juiz Marcelo Bretas perguntou se, mesmo de licença, Pezão autorizou as vantagens indevidas. O ex-conselheiro respondeu:
— Sim, senhor, através do Afonso Monnerat.

Ainda de acordo com a delação, o dinheiro de um fundo do TCE foi usado para pagar empresas que forneciam alimentação para presídios e unidades socioeducativas e que estavam sem receber há meses. Num primeiro momento, algumas companhias aceitaram pagar 15% de propina para receberem os pagamentos. Foram liberados nessa ocasião R$ 60 milhões, o que rendeu quase R$ 9 milhões em propina.

Redação

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