Um ferro-velho funciona no endereço onde deveria ser a sede da empresa LR Lagos, que fez um contrato com a Prefeitura do Rio de quase R$ 4 milhões para entregar máscaras descartáveis. A empresa é uma das seis fornecedoras em cujos contratos o Tribunal de Contas do Município (TCM) encontrou indícios de superfaturamento em compras durante a pandemia do coronavírus. Segundo um relatório do tribunal, a prefeitura pagou quase R$ 157 milhões a mais por remédios e equipamentos de proteção para o combate à Covid-19.
Como mostrou nesta quinta-feira o RJTV, no endereço onde deveria funcionar a LR Lagos, em vez de material hospitalar, há latinhas, portas de carros enferrujadas, além de outros metais para reciclagem.
Preço 2.396% maior
O preço das máscaras fornecidas pela empresa ao município chamou atenção dos técnicos do TCM. O item, que antes da pandemia era vendido por R$ 0,10 a unidade, foi comercializado por R$ 4,80. As empresas 2 Rios e MLB também venderam o produto por valores acima do mercado, por R$ 2,50 a unidade. A empresa DBV cotou cada unidade das máscaras N95, que são utilizadas pelos profissionais de saúde, a R$ 59,90. Antes da pandemia, o mesmo modelo era vendido por R$ 2,40. Uma diferença de 2.396%.
Além das máscaras, os técnicos do TCM também apontam compras de remédios acima do preço de mercado. A empresa Preciosa vendeu comprimidos de Propranolol, voltado para tratar hipertensão, por R$ 0,22 quando, antes da pandemia, o preço era R$ 0,01.
Os conselheiros do tribunal determinaram, anteontem, que a prefeitura e a RioSaúde, empresa do município que faz a gestão da rede, terão cinco dias para apresentarem suas justificativas. Ao todo, 11 contratos foram analisados. Desde março, a prefeitura do Rio gastou quase R$ 250 milhões na compra de 148 itens de prevenção e combate à doença.
Em nota, a Secretaria municipal de Saúde informou que a empresa Preciosa participou de cotação de preços para a entrega do medicamento Propranolol, mas apresentou preço acima do valor praticado pela tabela de referência e foi desclassificada. Com relação à empresa RL Lagos, a RioSaúde diz que ela participou de uma contratação direta e apresentou o menor preço para máscara tripla, no valor de R$ 4,80.
Foto: Agência Brasil
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