Jogo Sujo

Filho do ex-ministro Edison Lobão é preso em ação da Lava Jato

Márcio Lobão

Márcio Lobão foi detido em nova etapa da Lava Jato, que investiga denúncia de propina envolvendo a construção da Usina de Belo Monte

O filho do ex-senador, ex-governador do Maranhão e ex-ministro Edison Lobão (MDB), Márcio Lobão, foi preso pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira (10) no âmbito da Operação Galeria, da Lava Jato. A prisão é preventiva e foi efetuada no Rio de Janeiro. Ele é acusado de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro proveniente de pagamento de vantagens indevidas relacionadas à Transpetro, subsidiária da Petrobras, e à Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Segundo o MPF, Márcio e Edison Lobão, que foi ministro de Minas e Energia (de 2008 a 2015), solicitaram e receberam propinas dos Grupos Estre e Odebrecht em R$ 50 milhões entre 2008 e 2014.

Galerias de arte foram alvos de busca e apreensão
O mandado de prisão foi expedido contra Márcio porque, conforme o MPF, há indícios de que ele permanecia praticando o crime de lavagem de dinheiro em 2019. Os investigadores afirmaram que suspeitam de lavagem de dinheiro em compras e vendas de obras de arte, vendas de imóveis, simulações de empréstimos familiares e movimentação em contas offshore. Entre os alvos de busca e apreensão, há endereços de galeria de arte e de agentes financeiros que, de acordo com o MPF, administravam contas de Márcio Lobão no exterior. O nome da operação (Galeria) remete às transações com obras de arte.

Conforme o MPF, além dos crimes de corrupção ligados à participação da Odebrecht no contrato de construção da Usina de Belo Monte, são investigados benefícios em mais de 40 contratos de quase R$ 1 bilhão. Esses contratos foram firmados pelas empresas Estre Ambiental, Pollydutos Montagem e Construção, Consórcio NM Dutos e Estaleiro Rio Tietê.

Depósitos em espécie no valor de R$ 998 mil chamaram a atenção de investigadores
O MPF ressaltou que Márcio obteve uma evolução patrimonial de R$ 8,9 milhões para R$ 44 milhões, de 2007 a 2017. Além disso, entre 2008 e 2012, conforme mostrou a quebra de sigilo bancário dos investigados, R$ 2,1 milhões entraram nas contas por meio de 104 depósitos.

“Entre tais operações descritas como depósito de dinheiro, a que mais chamou atenção foi uma realizada em 28/01/2011, no valor de R$ 998 mil”, diz trecho do pedido de prisão de Márcio feito pelo Ministério Público Federal.

Prisão baseada em delações premiadas
A prisão é resultado de revelações de duas delações premiadas — as dos executivos da Odebrecht e a de Sérgio Machado, ex-companheiro de Senado e de PMDB de Edison Lobão. Machado contou que Márcio disponibilizava um escritório na Rua México, no Rio de Janeiro, para que as empresas Estre e Pollydutos pagassem propinas em contratos com a Transpetro — então presidida por Machado. A propina seria de 1% do valor dos contratos. No mesmo escritório, segundo a delação, a Odebrecht também entregava o dinheiro vivo da propina dada a Lobão pai e recebida por Lobão filho. Edison e Márcio Lobão já são réus na Lava Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.  

Redação

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