A Lava Jato do Ministério Público Federal no Paraná denunciou o ex-senador e presidente do MDB, Romero Jucá, e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado pelo envolvimento em esquema de corrupção mantido na subsidiária da Petrobrás. Jucá teria recebido pagamentos ilícitos de pelo menos R$ 1 milhão em 2010 em razão de quatro contratos e sete aditivos celebrados entre a Galvão Engenharia e a Transpetro em pagamento disfarçado por meio de doação eleitoral. As investigações apontam que a empresa efetuou o repasse das propinas ao Diretório Estadual do PMDB no Estado de Roraima em 2010. O valor teria sido direcionado às campanhas de Jucá ao Senado, de seu filho a deputado estadual e de sua ex-esposa à deputada federal.
De acordo com a força-tarefa, a Galvão Engenharia — em razão de contratos e aditivos mantidos na Transpetro e “com o objetivo de continuar recebendo convites para participar das licitações da estatal” — efetuava o pagamento de propinas de 5% do valor de todos os contratos com a subsidiária da Petrobrás a integrantes do MDB que compunham o núcleo de sustentação de Sérgio Machado, então presidente da estatal.
A denúncia aponta que Machado foi indicado e mantido no cargo por Romero Jucá e integrantes do MDB com “a função de arrecadar propinas para seus padrinhos políticos”. Segundo o MPF, em contrapartida ao pagamento de propinas pelas empresas, Machado garantiria às empreiteiras a continuidade dos contratos e a expedição de futuros convites para licitações.
Segundo o MPF, a Galvão Engenharia “não tinha qualquer interesse em Roraima que justificasse a realização da doação oficial, a não ser o direcionamento de propinas para Romero Jucá”. Segundo o MPF, o esquema de corrupção investigado perdurou pelo menos até 2014, favorecendo empresas pagavam vantagens indevidas ao então presidente da estatal, Sérgio Machado, e políticos responsáveis por sua manutenção no cargo.
Defesa de Jucá reclama de “tentativa de criminalizar a política”
O criminalista Antônio
Carlos de Almeida Castro, que defende Romero Jucá, fala em “absoluta falta de cuidado
técnico por parte do MP na recente denúncia apresentada”. “O Ministério Público Federal tem a ousadia
de apresentar o sr. Sérgio Machado
como sendo uma pessoa que falava em nome do ex-senador Jucá. Ora, o sr. Sérgio
Machado já deu provas nos últimos tempos
que sua palavra
não tem nenhuma credibilidade, sendo que houve até um pedido pela perda dos benefícios de sua delação
por entender a autoridade policial
que ele não dizia a verdade em seus depoimentos.
Acreditar, a esta altura, que o sr. Sergio Machado falava em nome do ex-Senador Romero Jucá só pode ser imputado a esta sanha punitiva que tem desmoralizado o trabalho
da Operação Lava Jato nos últimos
tempos”, declarou a defesa, que
ainda cita uma “clara tentativa
de criminalizar a política,
atividade esta que os membros
da força tarefa se empenharam com vigor, e que é um dos motivos
da canibalização das estruturas políticas que levaram o Brasil
a enfrentar esta quadra difícil, deprimente e punitiva”.
Por outro lado, a defesa do ex-presidente da subsidiária destaca que “esta é mais uma ação penal decorrente do processo de colaboração de seu cliente e demonstra mais uma vez a robustez das provas fornecidas pelo acordo de colaboração de Sergio Machado, que continua colaborando de forma efetiva com a PGR e o Ministério Público”. A Transpetro, por sua vez, reitera que é vítima nos processos e que presta todo apoio necessário às investigações da Operação Lava Jato.
fonte: O Globo
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