Jogo Sujo

MP e Polícia Civil cumprem mandado de busca e apreensão contra ex-secretário

Operação visa coletar informações e documentos que comprovam indícios de corrupção; investigação partiu da própria prefeitura, que identificou desvios contra pacientes do SUS

A quarta Promotoria de Justiça de Betim e a Polícia Civil de Minas Gerais, por meio do Grupo de Operações Policiais do Centro de Apoio Operacional do Patrimônio Público (Gaeco) do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que atua na desarticulação de grupos criminosos que agem no sistema prisional, no narcotráfico, no tráfico de armas, bem como nos casos de corrupção, cumpriram, na manhã desta segunda-feira (24), a operação “I Care a Lot”, em conjunto com a Delegacia Regional de Polícia Civil de Betim.

A ação apura um suposto esquema de desvios e apropriação indevida de verbas públicas utilizando irregularmente contas correntes bancárias de usuários de residências terapêuticas de saúde mental do Sistema Único de Saúde (SUS) de Betim, na região metropolitana de BH. O caso foi denunciado pela própria Prefeitura de Betim, que levantou todas as informações e as repassou para o Ministério Público e para Polícia Civil de Minas.

O esquema de corrupção teria sido orquestrado pelo ex-secretário de Saúde, Cláudio Roberto Arruda, exonerado do cargo em maio deste ano.  Além do desvio de dinheiro público, são apurados ainda os delitos de apropriação indébita, associação criminosa e lavagem de dinheiro, que, segundo nota oficial do MPMG, gerou, até o presente momento, um rombo de R$ 630 mil ao erário municipal.

Segundo a nota oficial, três mandados de busca e apreensão, além de outras medidas cautelares, como bloqueio de bens e quebras de sigilo bancário e fiscal, foram cumpridos contra três envolvidos no esquema de corrupção. “A investigação segue em segredo de Justiça. Mais informações e detalhes somente poderão ser fornecidos após os levantamentos dos sigilos processuais”, declarou o MPMG, por meio de nota.

Levantamento feito por O Tempo Betim descobriu que um dos mandados de busca foi cumprido na residência do ex-secretário de Saúde, no bairro Havaí, em Belo Horizonte. Já o outro mandado teria ocorrido em um escritório de contabilidade ligado ao ex-tesoureiro da pasta, que fica localizado no bairro Brasileia, em Betim. Os dois são suspeitos de envolvimento no esquema de desvios, o que teria sido confirmado pelo antigo funcionário da Tesouraria da Secretaria Municipal de Saúde, conforme apurou a reportagem.

Esse ex-colaborador, em cargo de comissão ao longo de diversas gestões municipais, devolveu R$ 132 mil aos cofres públicos após a gerente do setor ter denunciado as irregularidades. O nome dele ainda é mantido sob sigilo para não atrapalhar as investigações. Ele então teria manifestado arrependimento, pedido demissão e delatado o antigo secretário. Os R$ 132 mil equivaleriam a 20% do valor total que teria sido desviado por Arruda.

AÇÃO DA PREFEITURA

Foi uma sindicância administrativa aberta pela Corregedoria Adjunta de Betim e que contou com a colaboração da Secretaria Municipal de Saúde e da Procuradoria-Geral quem apurou que Arruda teria recebido ao menos R$ 650.021,10 por meio dos desvios (mais que os R$ 630 mil apurados pelo MPMG e a Polícia Civil até agora).

O dinheiro teria sido transferido do Fundo Municipal de Saúde para a conta corrente de usuários de residências terapêuticas da saúde mental de Betim e, depois, repassado para a conta de Arruda – a apuração concluiu que os desvios encontrados ocorreram a partir de fevereiro deste ano – ele pediu demissão em maio.

Com base nessas informações, o órgão municipal expediu relatório das apurações e das provas coletadas e encaminhou tudo ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

“O município, tão logo teve acesso às denúncias de irregularidades que envolvem a gestão anterior da Secretaria de Saúde, iniciou a apuração dos fatos por meio de sindicância administrativa e apresentou os documentos referentes à mesma ao Ministério Público de Minas Gerais e à Polícia Civil, que, de forma sigilosa, conduzem as investigações”, completou da prefeitura.

Fonte: O Tempo

Redação

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