Mais uma negociação suspeita para compra de vacina será investigada pela CPI da Covid. Além da Covaxin, a comissão quer investigar a tentativa do governo federal de comprar 60 milhões de doses da Convidencia. O imunizante é produzido pelo laboratório chinês CanSino. A intermediação seria feita pela Belcher Farmacêutica do Brasil, empresa que é investigada pelo Ministério Público.
A carta de intenção foi assinada no dia 4 de junho e estabeleceu que a Belcher seria a intermediária da transação. No entanto, a farmacêutica é alvo da Operação Falso Negativo, por suspeita de integrar um esquema de superfaturamento de testes de Covid-19 adquiridos pelo Governo do Distrito Federal, conforme o blog noticiou. A operação resultou na prisão da cúpula da Secretaria de Saúde de Brasília em agosto de 2020.
A ligação da empresa com o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), também entrou na mira da CPI. Um dos sócios da Belcher é filho de Francisco Feio Ribeiro Filho, que foi presidente da empresa de urbanização de Maringá, a Urbamar, durante a gestão de Ricardo Barros como prefeito da cidade paranaense, entre as décadas de 1980 e 1990.
O governo compraria a dose da vacina da CanSino por 17 dólares, o valor mais alto negociado até agora, inclusive ao do contrato da Covaxin. A diferença é que a CanSino possui dose única. As negociações, porém, não concluídas, pois a fabricante chinesa foi informada das suspeitas de fraude envolvendo a Belcher e revogou a autorização para ser representada no Brasil pela farmacêutica.
O Ministério da Saúde informou que as negociações foram canceladas depois que a Anvisa comunicou o governo que a CanSino não era mais representada pela Belcher. Não explica, no entanto, porque a empresa investigada foi escolhida como intermediadora. Um grupo de empresários liderados por Luciano Hang e Carlos Wizard chegou a fazer lobby para a aquisição da vacina da CanSino.
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