Jogo Sujo

Senna 30 anos: Novos mercados e altos valores afastam pilotos brasileiros do grid da Fórmula 1

Três décadas depois da morte de Ayrton Senna, a dificuldade de conseguir um assento para um piloto brasileiro na Fórmula 1 se mostra crescente. Não é por falta de talentos, garantem os especialistas. Mas a estrutura do automobilismo nacional e mundial tornam o acesso à principal categoria do esporte a motor algo distante. Hoje, o único nome do país mais perto da F1 é o de Felipe Drugovich, que segue como piloto de testes da Aston Martin. Nas “categorias de base”, estão Gabriel Bortoleto, que faz parte da academia de pilotos da McLaren e faz sua estreia na F2, e Enzo Fittipaldi, em mais uma temporada.

Já são sete anos sem um piloto fixo no grid, desde a aposentadoria de Felipe Massa. Pietro Fittipaldi fez duas corridas, em 2020, pela Haas, após o grave acidente de Romain Grosjean.

Nos últimos 30 anos, o Brasil contou com 17 pilotos, mas apenas dois deles conseguiram o lugar mais alto do pódio e estiveram mais próximos de repetir o feito de Senna: Rubens Barrichello e Felipe Massa.

— O maior impacto que o Senna deixou para os pilotos brasileiros, principalmente para mim, foi o respeito. Quando eu cheguei na Europa, por ser um piloto brasileiro, além do resultado e do talento, era o respeito de ser brasileiro por tudo aquilo que o Senna deixou — disse Massa, que foi vice-campeão em 2008 pela Ferrari e agora briga na Justiça pelo reconhecimento do título por causa da fraude na corrida de Cingapura.

Mas o ônus de ser o herdeiro de Senna também era grande. O país ansiava por um novo campeão. Apesar da pressão, até o início do século XXI as portas estavam mais abertas aos brasileiros. Cenário que vem mudando na última década com a entrada de novos mercados na Fórmula 1, que hoje tem 24 corridas espalhadas por todos os cantos do mundo.

— Os valores subiram absurdamente nos últimos anos e a concorrência para entrar ficou ainda maior. É um esporte muito mais global do que há três décadas, e os brasileiros precisam competir contra pilotos europeus, americanos e até de outros países que até então não tinham tradição no automobilismo, como China, Tailândia etc. Talento o Brasil tem de sobra, o problema é o custo de investimento altíssimo para você conseguir levar um piloto até uma vaga de titular — diz Cacá Bueno, piloto da Stock Car.

Apesar de o automobilismo nacional ter crescido nos últimos anos, com novas modalidades criadas, a formação de pilotos para a Fórmula 1 ainda fica aquém de outros centros.

— O Brasil não tem uma equipe de Fórmula 1, e nem tão pouco programas de desenvolvimento de pilotos mais estabelecidos e bem financiados. Finalmente, agora o Banco BRB (parceiro da Alpine desde o ano passado) lançará um programa com objetivos assim… O Brasil tem enfrentado desafios em termos de investimento e infraestrutura para apoiar talentos locais — afirma o empresário Geraldo Rodrigues

Redação

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