A Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram nesta terça-feira (22/7) a operação Route 156, que investiga um suposto esquema de fraudes em licitações e desvio de recursos públicos destinados à manutenção e recuperação da rodovia BR-156, no Amapá. A investigação aponta a existência de uma organização criminosa envolvendo servidores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e empresas contratadas.
A Justiça Federal determinou o afastamento cautelar, por 10 dias, de Marcello Vieira Linhares, superintendente do Dnit no Amapá, e de uma servidora da autarquia. Ambos são suspeitos de participação ativa no esquema. Outro alvo da operação é Breno Barbosa Chaves Pinto, segundo suplente do senador Davi Alcolumbre (União-AP), contra quem foi cumprido mandado de busca e apreensão.
De acordo com a PF, ao menos quatro pregões eletrônicos foram fraudados, totalizando mais de R$ 60 milhões em contratos firmados com recursos federais. Entre 2024 e 2025, cerca de R$ 32 milhões foram efetivamente pagos às empresas investigadas.
Ao todo, foram cumpridos 10 mandados de busca em quatro estados: Amapá (6), Minas Gerais (3), Mato Grosso do Sul (1) e Amazonas (1). Em Nova Lima (MG), a PF apreendeu três veículos Porsche, obras de arte atribuídas a Guignard e Portinari, joias e relógios de luxo. Já em Macapá, foram apreendidas três pistolas, um fuzil calibre .556 e cerca de 250 munições. O proprietário das armas é registrado como CAC, mas a PF informou que iniciará o processo de cassação do registro.
As investigações indicam que o grupo manipulava os processos licitatórios por meio da simulação de concorrência, uso de propostas fictícias e inclusão de cláusulas restritivas nos editais. Também foram identificadas omissões deliberadas de servidores públicos, que deixaram de fiscalizar contratos e de instaurar processos administrativos diante de irregularidades.
A justiça ainda determinou o bloqueio de bens e valores dos investigados no valor total de R$ 8,06 milhões, montante equivalente aos saques em espécie e às movimentações financeiras consideradas suspeitas. A operação é resultado de uma denúncia sobre fraudes em quatro licitações realizadas pelo Dnit em 2024, confirmada por levantamentos da CGU e de órgãos parceiros.
A apuração também identificou indícios de lavagem de dinheiro e tráfico de influência envolvendo agentes públicos e empresários. Os investigados poderão responder, conforme o grau de envolvimento, por crimes como fraude à licitação, organização criminosa, prevaricação, violação de sigilo funcional, tráfico de influência e lavagem de dinheiro.
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Por Correio Braziliense






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