Jogo Sujo

Registradoras de financiamento de veículos do Detran de MG e RJ têm endereços fantasmas

Detran

Segundo reportagem do “Agora Paraná”, empresas credenciadas pelos órgãos possuem sedes de fachada e fraudaram dados sobre o capital social

Uma reportagem do jornal Agora Paraná denuncia que a empresa Place IT forjou aumento de capital social para fraudar credenciamento nos Detrans RJ e MG e burlar compliance dos bancos. De acordo com a denúncia, a B3 S/A, que está impedida de atuar no cadastro de registros após a Controladoria Geral da União identificar crime de monopólio em 2014, continua atuando de forma velada através de um HUB com registradoras laranjas e fantasmas, que formam uma teia de corrupção envolvendo os maiores bancos privados do Brasil através da sabotagem de suas regras de compliance, o que induz os gestores do Detran no Brasil a cometerem atos de improbidade administrativa.

Ainda de acordo com a reportagem, as sedes das empresas registradoras são apenas de fachada e os endereços abrigam coworkings e até casas abandonadas em ruas protegidas pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Uma dessas empresas é a Place Tecnologia e Inovação S. A. (Place TI), que teria forjado um aumento do capital social da empresa de R$ 500 mil para R$ 5,7 milhões para realizar o credenciamento no Detran do Rio de Janeiro e de Minas Gerais.

Aumento repentino do patrimônio líquido foi possível através de compra de terreno avaliado em R$ 5,7 milhões por “erro de digitação do contador”
Na Portaria de credenciamento do Rio, uma cláusula exige patrimônio líquido mínimo de R$ 5 milhões, enquanto na Portaria de Minas a exigência era de R$ 1 milhão e, na época das publicações destas portarias, o capital social da Place TI era de apenas R$ 100 mil.

Documentos obtidos pelo site revelam que a Place TI incorporou ao seu capital social um terreno de 40 hectares no interior do Ceará no valor de R$ 5,2 milhões, através da entrada da sócia Flávia Mororó com a empresa Serf Serviços Especializados, saltando de um capital de R$ 500 mil para R$ 5,7 milhões em 2018, pouco mais de um mês depois da exigência da Portaria de credenciamento de Minas Gerais e cinco meses depois da publicação da Portaria do Rio, que exigia patrimônio mínimo de R$ 5 milhões. O terreno fica em Ipu (CE). O laudo de três engenheiros avaliou o terreno em R$ 5,3 milhões. Segundo o antigo proprietário, José Hamilton Rodrigues, o terreno foi vendido por menos de R$ 20 mil para Flávio Mororó, ex-prefeito de Ipu. Ela avalia que o terreno valeria hoje cerca de R$ 100 mil.

Para o marido de Flávia Mororó, Ruben, o terreno realmente não vale os R$ 5,2 milhões, mas houve um “erro de digitação” do seu contador. Ele admite que o terreno vale em média R$ 100 mil. A reportagem procurou também os peritos que emitiram laudo falso em 2018 informando o valor de R$ 5,2 milhões de um imóvel que tem valor de mercado de menos de R$ 100 mil. Os três trabalham ou têm fortes ligações com a prefeitura de Ipu, cidade em que Flávio Mororó foi eleito. Os peritos, Flávia Mororó e os demais sócios da Place TI podem responder por crimes fiscais que podem render até nove anos de prisão para cada um, além do descredenciamento imediato da Place TI nos estados em que fraudaram as regras dos editais de credenciamento.

A Place TI fez um aumento de capital irregular, via integralização de terreno superfaturado. Ou seja, na prática a Place TI não tem um capital social de R$ 5.700.000,00. Dessa forma, não poderia ter sido credenciada junto ao Detran do Rio, conclui a reportagem.

Fonte:  www.agoraparana.com.br

Redação

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