Jogo Sujo

Lava Jato ignorou repasse suspeito de empresa de Guedes

Pagamento de R$ 561 mil foi efetuado pela GPG Consultoria ao escritório de fachada Power Marketing em 2007, porém força-tarefa decidiu não denunciar o atual ministro da Economia

A Lava Jato de Curitiba detectou um pagamento no valor de R$ 561 mil, efetuado por uma empresa do ministro da Economia, Paulo Guedes, a um escritório de fachada suspeito de lavar dinheiro para um esquema de distribuição de propinas a agentes públicos do governo de Beto Richa (PSDB-PR). Apesar de ter apresentado denúncia sobre o caso em abril de 2018, época da pré-campanha de Jair Bolsonaro (PSL), a força-tarefa não incluiu entre os acusados Guedes nem representantes da sua empresa, a GPG Consultoria, da qual o economista foi sócio-administrador até outubro de 2018. O repasse suspeito foi feito à Power Marketing Assessoria e Planejamento, operada por um assessor do ex-governador do Paraná. As informações são da Folha de S. Paulo.

O pagamento da empresa de Guedes foi feito em agosto de 2007. Dias depois, Carlos Felisberto Nasser, descrito como operador financeiro do esquema, sacou R$ 500 mil da conta da empresa. O objetivo do esquema seria beneficiar a Econorte, do Grupo Triunfo, em concessões de rodovias. O caso foi investigado na Operação Integração, fase da Lava Jato deflagrada em fevereiro de 2018. Denunciado, Nasser morreu em dezembro do mesmo ano. Apesar de ter tido a prisão pedida por procuradores do MPF, o então juiz Sergio Moro negou o pedido de prisão, alegando a idade avançada do réu. No entanto, os responsáveis por outras companhias que destinaram recursos ao escritório suspeito foram presos, denunciados e viraram réus de ação aberta por Moro.

Guedes se defende
A Lava Jato afirmou que a denúncia focou pessoas e empresas sobre as quais havia “prova robusta”, e que a investigação prossegue. Em nota, a defesa de Paulo Guedes informou que o ex-ministro prestou assessoria para o processo de abertura de capital da Triunfo e que Nasser recebeu os pagamentos como comissão por ter indicado Guedes para atuar no caso.

“A consultoria prestada pela GPG Consultoria ao grupo Triunfo resultou na oferta primária de ações (IPO) da Triunfo Participações, operação de enorme sucesso no mercado, executada com total lisura e regularidade, de tal forma que jamais foi questionada por qualquer instância do Poder Público. A defesa do ministro da Economia, Paulo Guedes, esclarece ainda que, desde dezembro do ano passado, ele se retirou de todas as atividades empresariais, exatamente como exige a lei aos ocupantes de cargos públicos, destacando, por fim, a legalidade e correção da atuação das empresas das quais foi sócio”, afirmam os advogados Ticiano Figueiredo e Pedro Ivo Velloso.

Fonte: Folha de S. Paulo

Redação

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