Jogo Sujo

Operação do MPRJ que investiga “rachadinhas” na Alerj mira Queiroz e outros 10 ex-assessores de Flávio Bolsonaro

MPRJ

Relatório do antigo Coaf constatou movimentações de R$ 1,2 milhão nas contas do ex-motorista entre 2016 e 2017. Tios e primas da ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro também são alvos de busca e apreensão

O Ministério Público do Rio (MPRJ) realiza, na manhã desta quarta-feira (18/12), uma operação que mira ex-assessores do senador Flávio Bolsonaro, entre eles Fabrício Queiroz, policial militar aposentado, e Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro. A ação cumpre mandados de busca e apreensão na investigação da prática de “rachadinha” no gabinete do parlamentar na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).

Os mandados de busca e apreensão atingem 96 pessoas e empresas e foram deferidos pela juiz Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau, da 27ª Vara Criminal do Rio. O Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção confirmou que foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão  para investigar supostas movimentações suspeitas envolvendo Fabrício Queiroz. Em razão do sigilo das investigações, o GAECC/MPRJ não pode oferecer mais informações, informou à imprensa o MPRJ.

A investigação foi instaurada em julho de 2018 e obteve na Justiça em maio deste ano a quebra dos sigilos fiscal e bancário de 96 pessoas e empresas, incluindo Queiroz e Flávio, tendo como base o relatório do antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf, hoje Unidade de Inteligência Financeira). O documento constatou movimentação atípica de Queiroz num total de R$ 1,2 milhão entre 2016 e 2017. O caso ficou parado, pois aguardava decisão sobre a legalidade do compartilhamento das informações do Coaf sem autorização judicial, aprovada no final de novembro pelo STF. As medidas cautelares de hoje atingem sobretudo ex-assessores que também tiveram o sigilo quebrado pelo Tribunal de Justiça do Rio em abril.

O mandado de busca e apreensão também autorizou o MP a ter “acesso a extração de qualquer conteúdo armazenado nos materiais apreendidos, inclusive registros de diálogos telefônicos ou telemáticos, como mensagens SMS ou de aplicativos WhatsApp” dos investigados.

Agentes estiveram em endereços de parentes da ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, ex-assessores do gabinete de Flávio 

O policial aposentado Fabrício Queiroz trabalhou por mais de dez anos como segurança e motorista de Flávio Bolsonaro, o filho mais velho do presidente e deputado fluminense de 2003 a 2018. Queiroz recebia da Alerj um salário de R$ 8.517 e acumulava rendimentos mensais de R$ 12,6 mil da Polícia Militar. Ele foi exonerado do gabinete de Flávio em outubro de 2018.

Entre os investigados, estão Fabrício Queiroz, ex-motorista e ex-chefe de segurança de Flávio Bolsonaro; Evelyn Queiroz, filha do ex-assessor; José Procópio Valle, ex-sogro de Bolsonaro; Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada de Bolsonaro; Francisco Diniz, primo de Ana Cristina; Daniela Gomes e Juliana Vargas, primas de Ana Cristina; Maria José de Siqueira e Silva, Ana Maria Siqueira Hudson e Marina Siqueira Diniz, tias de Ana Cristina; e Guilherme dos Santos Hudson, tio de Ana Cristina. Nove parentes de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Bolsonaro, foram lotados no gabinete de Flávio entre 2003 e 2018.

Defesa de Queiroz
O advogado Paulo Klein, que defende Fabricio Queiroz, considera a operação desnecessária.

“A defesa de Fabrício Queiroz recebe a informação a respeito da recente medida de busca apreensão com tranquilidade e ao mesmo tempo surpresa, pois absolutamente desnecessária, uma vez que ele sempre colaborou com as investigações, já tendo, inclusive, apresentado todos os esclarecimentos a respeito dos fatos. Ademais, surpreende que mesmo o MP reconhecendo que o juízo de primeira instância seria incompetente para processar e julgar qualquer pedido relacionado ao ex-deputado o tenha feito e obtido a referida decisão, repita-se, de forma absolutamente desnecessária”, comunicou.

Redação

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