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PF investiga “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Amapá

Alap

A Polícia Federal (PF) está investigando a prática de “rachadinha” na Assembleia Legislativa do Amapá (Alap), ou seja, de transferência de parte ou de todo o salário de servidores para parlamentares. Agentes cumpriram, em Macapá, 18 mandados de busca e apreensão contra dois deputados estaduais e seus assessores. De acordo com investigadores, além das rachadinhas, houve superfaturamento do valor do aluguel do prédio onde funciona a Escola do Legislativo.

Os nomes dos investigados ainda não foram divulgados oficialmente. De acordo com a TV Globo, porém, são investigados os parlamentares do PL (Partido Liberal) Luciana Gurgel e Charly Jhone. Durante as buscas, foram apreendidos celulares, documentos, computadores, comprovantes bancários e de pagamentos de dívidas.

As estimativas são que, desde 2019, o grupo tenha desviado de R$ 7,4 milhões dos cofres da Alap somente com a prática de fraude com salários dos servidores. Os indícios foram identificados no âmbito da operação “Chão de Vidro”, deflagrada em maio de 2020, sobre compra de votos no Amapá em 2018, com promessa de asfaltar a via de um condomínio. Pelo menos 33 assessores estariam envolvidos no suposto esquema, sendo que 14 continuam nos cargos.

Um dos assessores repassava mais de R$ 7 mil do seu salário para parlamentares

Em um dos casos,  o assessor ganhava um salário de R$ 8.354,24 e passava, todo mês, R$ 7,4 mil para o grupo. A polícia descreveu ainda que uma mulher investigada tinha vários familiares trabalhando em um dos gabinetes da Alap, como cunhado, primos e irmãos.

“O desvio de parte das remunerações era realizado por uma investigada que possuía diversos parentes ligados ao gabinete de parlamentar estadual, sendo a responsável por cooptar pessoas de sua confiança, que em contrapartida repassavam a maior parte do que recebiam da Alap para a organização criminosa”, diz o comunicado da Polícia Federal.

Além disso, a investigação tem indícios do que a polícia descreve como uma “rachadinha paralela”: um dos parlamentares alvos da operação também pode ter recebido parte da remuneração de assessores de outro deputado. As buscas realizadas nesta sexta-feira buscam identificar a razão dessa prática.

Assembleia do Amapá pagava o triplo do aluguel anterior para Escola do Legislativo

Há ainda a suspeita de fraude na licitação para o aluguel de um prédio onde funciona a Escola do Legislativo em Macapá.  A PF informou os indícios apontam que a Alap pagava três vezes mais do que o cobrado anteriormente.

“O prédio era locado anteriormente por pouco mais de R$ 13 mil para parlamentar- valor do aluguel era pago com dinheiro desviado das remunerações dos assessores- que agiu no sentido de ‘sublocar’ para a Alap pelo valor de R$ 44 mil, com indícios de ter coordenado as alterações no imóvel de forma a atender as especificações de termo de referência/projeto básico da licitação, antes do início e divulgação de qualquer procedimento pela Alap”, destacou a polícia.

Os investigados podem responder pelos crimes de peculato, corrupção passiva, organização criminosa, fraude em licitação e lavagem de capitais.

Redação

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