Jogo Sujo

PF prende donos de universidade privada por suspeita de fraudar bolsas do Fies e Prouni

Polícia Federal

Investigações também identificaram venda de vagas em curso de medicina em Fernandópolis (SP) através de assessorias educacionais de fachada

O dono da Universidade Brasil em Fernandópolis (SP), José Fernando Pinto da Costa, de 63 anos, e o filho dele, que é sócio do grupo educacional, foram presos nesta terça-feira (3/9). Eles são apontados pela Polícia Federal como chefes de um esquema que fraudava a concessão do Financiamento Estudantil do governo federal (FIES) e comercializava vagas e transferências de alunos do exterior (principalmente Paraguai e Bolívia) para o curso de medicina em Fernandópolis (SP). Bolsas do Prouni e fraudes relacionadas a cursos de complementação do exame Revalida também estão sob investigação.

Aproximadamente 250 policiais federais cumpriram 77 mandados judiciais expedidos pela Justiça Federal de Jales (SP) nos estados de São Paulo e Mato Grosso. Foram expedidos mandados de 11 prisões preventivas, 11 prisões temporárias, 45 ordens de busca e apreensão e 10 medidas cautelares. A Justiça Federal também determinou o bloqueio de bens e valores dos investigados até o valor de R$ 250 milhões. De acordo com a polícia, vagas para ingresso, transferência e financiamentos do Fies para o curso de medicina estariam sendo negociados por até R$ 120 mil por aluno. Estimativas iniciais indicam que, nos últimos cinco anos, aproximadamente R$ 500 milhões dos programas foram concedidos de maneira ilegal.

Pessoas de alto poder aquisitivo obtiveram bolsas do Fies mediante fraude
Centenas de vagas do curso de medicina para alunos teriam sido negociadas. Entre os alunos, haveria filhos de fazendeiros, servidores públicos, políticos, empresários e amigos dos donos da universidade, todos com alto poder aquisitivo, que, mesmo sem perfil de beneficiário do Fies, mediante fraude, tiveram acesso aos recursos do governo federal. A PF estima que milhares de alunos carentes por todo o Brasil podem ter sido prejudicados em razão de tais fraudes.

Os alunos e pais, que aceitaram pagar pela vaga ou pelos financiamentos públicos, também responderão pelos crimes em investigação na medida de suas culpabilidades. Nova investigação será iniciada imediatamente pela PF com o objetivo de identificar todos os pais e alunos que concordaram em pagar pelas fraudes praticadas pela organização criminosa e, portanto, também praticaram crimes.

Ameaças aos alunos que denunciaram o esquema teriam sido feitas pelo dono da universidade
No decorrer das investigações, a PF identificou ameaças proferidas pelo dono da universidade aos alunos que fizeram as denúncias, além de tentativas de influenciar e intimidar autoridades, destruição e ocultação de provas, dentre outras ilegalidades. Os empresários estariam investindo os recursos obtidos com as fraudes em imóveis urbanos e rurais no Brasil e no exterior, na compra de aeronaves (helicóptero, jatinho e avião) e de veículos de luxo.

O nome da operação Vagatomia foi utilizado em alusão ao termo “tomia” que significa “corte”, comumente utilizado em palavras que denominam procedimentos cirúrgicos. Como os investigados reduziam as vagas do curso de medicina e Fies, na medida em que as vendiam, candidatos que teriam direito ao financiamento sofriam com o corte das vagas disponíveis.

Fonte: PF

Redação

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