Jogo Sujo

Cúpula de arbitragem do futebol carioca é alvo da Operação Cartão Vermelho

Jorge Rabello

Um dos investigados é o ex-presidente da comissão de arbitragem da Ferj, Jorge Rabello, preso por porte ilegal de arma, mas liberado em seguida após pagar fiança

A Operação Cartão Vermelho, conduzida pelo Núcleo de Investigação à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (NIC-LD) da Polícia Civil do Rio de Janeiro, cumpriu 13 mandados de busca e apreensão em endereços relacionados à cúpula da arbitragem do futebol carioca na última quarta-feira (18/12). Os suspeitos são investigados por crimes de organização criminosa, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Todos os investigados tiveram quebrados os sigilos bancário e fiscal. A ação foi realizada em conjunto com o Ministério Publico (MP-RJ).

Para os investigadores, os órgãos ligados à arbitragem foram aparelhados em favor de Jorge Rabello, ex-chefe da comissão de arbitragem da Federação de Futebol do Rio, apontado como líder do grupo que praticava organização criminosa, falsidade ideológica, apropriação indébita e lavagem de dinheiro. Ele foi preso em flagrante durante a busca em seu endereço no Recreio dos Bandeirantes por posse ilegal de arma de fogo, porém foi solto logo depois após pagar fiança de dez salários mínimos. Em seu apartamento, foram apreendidos documentos, equipamentos eletrônicos e um revólver calibre 38 com munições.

Outros suspeitos são Messias José Pereira, ex-presidente da Coopaferj, e Sérgio Mantovani Cerqueira, ex-contador da cooperativa. O principal indicativo de corrupção foi a evolução patrimonial incompatível com suas funções. Os mandados foram cumpridos nas residências do presidente do Sindicato de Árbitros do Estado do Rio de Janeiro, do presidente da Cooperativa dos Árbitros de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Coopaferj), de integrantes das duas entidades, além das sedes dos órgãos e da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj).

Uso de dinheiro de entidades do futebol para pagar despesas pessoais entre as acusações
O inquérito aponta padrão de vida de Rabello incompatível com seus rendimentos declarados.

“Apresenta alto padrão de vida, com patrimônio superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais), conforme apurado até aqui (…) Destaca-se: que Jorge Rabello antes de se tornar o Presidente do Sindicato possuía uma padrão de vida modesto, residindo no bairro do Colégio, um dos piores IDHs do Município e tinha um carro Siena, que tal realidade mudou bruscamente quando passou assumir a Comissão de Arbitragem da FERJ em 2007”.

Rabello também é “acusado de vender a sede do sindicato, sem autorização, sendo o destino do valor percebido com a transação ignorado pelos sindicalizados, levantando a suspeita de fraude na alienação do imóvel, bem como, indevida destinação dos valores auferidos, supostamente algo em torno de R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais). Há suspeita também de que Jorge Rabello e Messias José Pereira utilizavam dinheiro das entidades em exame, para pagar despesas pessoais, através da indevida utilização de cartões de crédito corporativos”.

Outra acusação  é que a Cooperativa, responsável por escalar os árbitros para os jogos, “sob o comando de Jorge Fernando Rabello, através de interposta pessoa por ele designada, o suposto ‘testa de ferro’ Messias José Pereira, deixava de escalar qualquer árbitro que se insurgisse contra o interesse de Jorge Rabello, principalmente no que tange à disputa pela presidência do Sindicato dos Árbitros, fato este que fez com que Jorge Rabello se mantivesse à frente do Sindicato, por mais de uma década, sem qualquer disputa”.

Ferj afirma que colabora com as autoridades e que repudia atos ilegais
Em nota, a Ferj informou que “recebeu as autoridades em sua sede, facilitando e franqueando todas as dependências para o que se fizesse necessário ao cumprimento do citado mandado (de busca e apreensão), realizado de forma clara, imparcial, pacífica e rigorosa”, e ressaltou que não faz parte de sindicatos ou cooperativas.

“Cumpre-nos ressaltar que a Ferj preza por total transparência e lisura em seus procedimentos, repudia atos ilegais, pugna por correção, não faz parte de sindicatos ou cooperativas, não possui qualquer ingerência em relação a estes e coloca-se à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos que permitam a busca da verdade e da justiça, na distinção e preservação da integridade de pessoas e instituições e punições de culpados”, diz a nota da entidade.

Redação

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