Jogo Sujo

Desembargador do Tribunal de Justiça de MG é denunciado por corrupção

Gravações de 2015 mostram o magistrado Alexandre Victor negociando cargos públicos para o filho e a esposa, nomeada na época pela Assembleia Legislativa de MG com um salário de R$ 8 mil

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou o desembargador Alexandre Victor de Carvalho, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais e vice-presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MG), por corrupção passiva. Conversas gravadas com a autorização da Justiça mostram o desembargador Alexandre Victor negociando cargos públicos para o filho, Guilherme Souza Victor de Carvalho, e para a esposa, Andreza Campos Victor de Carvalho, ambos advogados. Os diálogos gravados aconteceram em 2015.

A prática de corrupção passiva, segundo o MPF, se deu quando, supostamente, o desembargador teria condicionado apoio à candidatura de uma advogada ao cargo de desembargadora pelo quinto constitucional na vaga destinada à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), apoiada pelo governo do estado, à época. A peça está sob sigilo de Justiça.

Na denúncia, enviada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), o MPF destaca o interesse da então cúpula governo de Minas Gerais, em 2015, na indicação da advogada ao TJMG. A peça narra as ligações do marido da advogada com o PT, partido do então governador Fernando Pimentel, com registros de amizade com membros expoentes do partido.

“Em verdade, o denunciado praticou o ato de mercancia com a função pública, cedendo aos declarados interesses do governador mineiro”, diz a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo, que assina a denúncia.

“Segundo ela, como compensação, por sua atuação, o desembargador obteria a vantagem da nomeação para funções públicas da esposa, por meio do líder do governo na Assembleia Legislativa, e do filho, junto ao procurador-geral da Câmara Municipal de Belo Horizonte”, conclui nota do MPF.

Leia alguns trechos das gravações entre o desembargador Alexandre Victor de Carvalho e o então procurador da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Augusto Paulino:

Alexandre Carvalho: “Na Copasa não daria?”

Augusto Paulino: “Não… lá é empresa, sociedade, né? De economia mista, salvo engano”.

Alexandre Carvalho: “Na Cemig é melhor porque, por exemplo, na Cemig, ela indo pra lá, ela não tem horário. Na Copasa ela vai ter que bater ponto, vai piorar”.

As gravações ainda mostram o ex-procurador alertando o desembargador sobre a prática de nepotismo cruzado.

Alexandre Carvalho: “Não, pra mim não vai dar nada”.

Augusto Paulino: “Eles vão explorar isso, a esposa, a manchete vai ser essa, esposa de desembargador, o desembargador acusado de nepotismo cruzado, alguma coisa nesse sentido”.

Alexandre Carvalho: “Não, pra mim não vai dar nada”.

Augusto Paulino: “consequentemente eles vão explorar isso. Esposa… a manchete vai ser essa, esposa de desembargador, o desembargador acusado de nepotismo cruzado, alguma coisa nesse sentido”.

A mulher do desembargador, Andreza Campos, acabou sendo nomeada para um cargo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), de acordo com publicação no Diário do Legislativo de 18 de novembro de 2015, com um salário de R$ 8 mil.

Redação

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