O Ministério Público Federal pediu a prisão do ex-presidente do Alecrim Futebol Clube, o britânico Anthony Jon Domingo Armstrong Emery, e outras sete pessoas, por envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro no estado do Rio Grande do Norte. A acusação é que o grupo desviou cerca de R$ 75 milhões de reais de quase dois mil investidores, entre 2012 e 2014. Armstrong deixou a presidência do clube potiguar em 2014. A diretoria afirma não ter mais contato com ele.
O empresário inglês e sua enteada e principal sócia prometiam aos investidores ganhos de 20% por ano, através do Grupo Ecohouse. A rentabilidade viria da construção e venda de moradias populares do programa “Minha Casa, Minha Vida”. As obras, porém, não eram concluídas ou iniciadas. O grupo sequer possuía convênio com o programa federal. O dinheiro de quem investiu nunca foi devolvido. Segundo a denúncia, um funcionário da Caixa Econômica Federal teria atestado ilegalmente, com base em informações falsas, que o Ecohouse tinha contrato com o programa federal.
Também foram denunciados cinco contadores que assinavam como profissionais independentes as declarações que atestavam o suposto andamento das obras.
A denúncia é fruto da chamada Operação Godfather, deflagrada em 2014, cujas investigações tiveram início a partir de informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Mais de 1800 investidores teriam sido lesados
O MPF detalha que o esquema prejudicou até 1.500 investidores de Singapura e aproximadamente 350 do Reino Unido. Embora eles tenham passado pelas contas do Grupo Ecohouse R$ 75 milhões em dois anos e meio, há relatos de prejuízos ainda maiores. Uma advogada que representa 400 clientes de Singapura calcula em R$ 64 milhões o prejuízo deles.
Já no Reino Unido, onde Armstrong foi condenado em março de 2019 pela Suprema Corte Britânica, o prejuízo estimado no processo (em relação aos 350 investidores locais) foi de aproximadamente R$ 120 milhões. Por lá, cada interessado investia 23 mil libras esterlinas, enquanto em Singapura cada cota era vendida por 46 mil dólares de Singapura..
“O estrangeiro e a enteada curtiam uma vida de luxo, viagens e compras, até como forma de transmitir aos investidores a ‘saúde financeira’ de seus negócios”, alega o Ministério Público Federal.
Ainda segundo o MPF, os valores empregados não foram registrados na contabilidade do clube, que ao final o empresário abandonou, deixando para trás uma série de ações trabalhistas e uma mancha na reputação do time.
Um montante de cerca de R$ 1 milhão teria sido gasto na promoção da Copa Ecohouse, que reuniu 16 clubes em 2013, incluindo alguns dos maiores do Nordeste e o clube carioca Fluminense. Todo esse investimento visava à divulgação da imagem de Armstrong como um “grande empresário”.
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