Jogo Sujo

PGR defende busca e apreensão em gabinete do senador Fernando Bezerra Coelho

Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE)

Polícia Federal afirma ter encontrado R$ 120 mil em espécie e uma planilha suspeita durante a operação, mas o líder do governo Bolsonaro no Senado afirma ser vítima de uma operação política

Em manifestação encaminhada ao STF, o procurador-geral da República interino, Alcides Martins, defendeu a operação de busca e apreensão da Polícia Federal que vasculhou salas, o endereço residencial e o gabinete do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), na semana passada (19/9), como parte da Operação Desintegração. A posição é diametralmente oposta à expressada pela ex-procuradora-geral Raquel Dodge, que havia apontado “pouca utilidade prática” na medida. Autorizada pelo relator do caso, o ministro Luís Roberto Barroso, a operação abriu uma nova crise entre o Congresso e o Supremo. Martins também afirmou que as informações colhidas na investigação permitem concluir “além de qualquer dúvida razoável” que o senador e o deputado federal Fernando Bezerra Coelho Filho (DEM-PE) “receberam vantagens indevidas obtidas com as obras Canal do Sertão e a Transposição do Rio São Francisco”.

“Apesar da manifestação contrária da então procuradora-geral, entendo que se faziam presentes os requisitos para o deferimento de todas as medidas requeridas pela autoridade policial”, escreveu o PGR interino Alcides Martins. Ele acrescentou que as medidas requeridas pela PF se mostraram “imprescindíveis para a investigação em curso”.

Segundo informações da PF, foram encontrados, durante as buscas nos endereços ligados ao senador, R$ 120 mil em montante e uma planilha considerada suspeita com uma relação de doadores ocultos.

Senador cita “tentativa de intimidação” contra o Congresso
Durante discurso no Congresso Nacional na última terça-feira (24/9), o senador investigado afirmou que a operação da Polícia Federal contra ele foi uma tentativa de “atingir” o governo, um ataque ao Congresso e uma ação arbitrária.

— Se os fatos citados remontam a [antes de] 2014, por qual motivo incluir o gabinete da liderança entre os locais da busca e apreensão, se não para impor ao governo do presidente [Jair] Bolsonaro um constrangimento? — questionou ele.

A investigação apura desvios em obras públicas do Ministério da Integração Nacional entre 2011 e 2013, quando Bezerra comandou a pasta. A ação foi autorizada pelo ministro do STF Roberto Barroso, por meio de uma liminar. O Senado vai recorrer ao tribunal contra a autorização das buscas, afirmou o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Redação

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