Jogo Sujo

Relator da CPI dos Fundos de Pensão teria cobrado R$ 9 milhões para não convocar executivos

Deputado federal Sergio Souza (MDB-PR) na CPI dos Fundos de Pensão

Acusação foi feita pelo operador de propinas Lúcio Funaro em delação premiada que motivou a Operação Grand Bazaar, deflagrada nesta segunda-feira (21/10)

Em depoimento de delação premiada, o operador de propinas Lúcio Bolonha Funaro afirmou que o deputado federal Sergio Souza (MDB-PR), alvo da operação Grand Bazaar nesta segunda-feira (21/10), cobrou R$ 9 milhões de propina para não convocar para prestar depoimento na CPI dos Fundos de Pensão os ex-executivos Wagner Pinheiro, ex-presidente do Petros, e Antônio Carlos Conquista, ex-presidente do Postalis. O depoimento de Funaro à Justiça foi prestado em 2017.

A solicitação teria sido feita por Arthur Pinheiro Machado, amigo de Funaro e dono da Ágora corretora e Bridge. Funaro, então, perguntou sobre a viabilidade do pedido ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB-RJ), mas ele disse que não havia nomeado nem o presidente nem o relator da CPI, respectivamente os deputados Efraim Filho (DEM-PB) e Sergio Souza.

“(Eduardo) Cunha disse para conversar com Marcos Joaquim Gonçalves, advogado do escritório de advocacia Mattos Filho, para ver se ele teria uma solução já que era amigo de Sergio (Souza). Marcos voltou com a informação de que tal demanda era possível”, relatou Funaro.

Dinheiro teria sido entregue a Funaro pelo empresário Arthur Machado
Marcos Joaquim Gonçalves era funcionário do escritório Mattos Filho à época da delação, mas saiu de lá há quase três anos. Atualmente, ele é líder do MJ Alves e Burle Advogados e Consultores. Ainda segundo o delator, ele teria se reunido em Brasília, numa casa no Lago Sul, com o advogado Marcos Joaquim, Arthur Machado, o deputado Sergio Souza e um assessor deste. Nesta reunião teria sido acertada a propina de R$ 9 milhões. O dinheiro teria sido pago a Funaro por Arthur Machado, relatou o próprio operador de propinas, e os valores teriam sido creditados na sua conta junto ao doleiro Tony, por volta de agosto ou setembro de 2015.

A CPI dos Fundos de Pensão trabalhou por oito meses e analisou números dos quatro maiores fundos de pensão do Brasil: Caixa Econômica Federal (Funcef), Correios (Postalis), Petrobras (Petros) e Banco do Brasil (Previ), entre 2003 e 2015.

Nesta segunda-feira, foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo STF em Brasília (DF), Curitiba (PR), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ). Em Brasília, são cinco mandados. Entre os endereços, estão a casa, o gabinete e um escritório do deputado.

Redação

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