Jogo Sujo

Delação revela esquema que desviou R$ 49 milhões da prefeitura de João Pessoa

Ex-secretária de administração da Paraíba, Livânia Farias, revelou à Operação Calvário como era feito o pagamento de suborno a agentes públicos através de serviços de fachada de uma empresa de advocacia de 2009 a 2011

O Ministério Público da Paraíba denunciou nove pessoas à Justiça acusadas de integrar um grupo que teria desviado R$ 49 milhões do município de João Pessoa através da contratação de serviços de fachada de uma empresa de consultoria para recuperação de créditos tributários. Na denúncia, o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) descreve como se dava o pagamento de propinas a agentes públicos entre 2009 e 2011, marcado pela apreensão de R$ 81 mil em junho de 2011.

Dentre os denunciados estão o ex-procurador-geral do município e do Estado, Gilberto Carneiro; a ex-secretária de administração do estado, Livânia Farias; a ex-secretária de administração de João Pessoa, Laura Farias; o irmão do ex-governador Ricardo Coutinho, Coriolano Coutinho; a ex-secretária de finanças do estado, Aracilba Rocha; o atual secretário de comunicação do estado, Nonato Bandeira, e o ex-assessor da procuradoria-geral de João Pessoa, José Vandalberto de Carvalho.

Em delação, Livânia Farias falou sobre o contrato feito com uma firma de advocacia, pagamento de propinas por parte do escritório e ajuda financeira à campanha eleitoral de 2010. Segundo o depoimento, Livânia contou que foi apresentada a Bernardo Vidal por Gilberto Carneiro, ex-procurador-geral do município e do estado. A partir desse momento, Carneiro começou a conversar com a então secretária para firmar um contrato com a Bernardo Vidal Advogados. O objetivo era pedir que a Receita Federal reconhecesse a prescrição e a decadência de alguns débitos de um parcelamento feito pela Prefeitura, procedimento que já havia sido feito pelo município, mas tinha sido negado.

Diversos servidores teriam sido aliciados pelos líderes do esquema
A ex-secretária afirmou que, inicialmente, o próprio Bernardo a procurou e ofereceu-lhe dinheiro, e que chegou a afirmar que, quando ela saísse da Prefeitura, poderia se tornar advogada no escritório. Segundo Livânia, o pagamento do valor acontecia em espécie ou depósito. Ela contou que começou a receber a quantia por volta do segundo pagamento feito à firma.

“Ele me pagava um valor aleatório, às vezes R$ 3 mil, R$ 5 mil, e isso foi final de 2009 até 2010”, comentou. Segundo ela, outros servidores também recebiam dinheiro.

A ex-secretária revelou também que a quantia de R$ 81 mil apreendida pela polícia em 2011, enviada pelo advogado Bernardo Vidal Domingues dos Santos, seria utilizada para o pagamento de dívidas da campanha eleitoral do candidato eleito, Ricardo Coutinho, ao governo da Paraíba.

Fonte: G1 PB

Redação

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