Jogo Sujo

Juiz Marcelo Bretas atuou para favorecer Witzel na eleição de 2018, acusa delator

Bretas Witzel

Em sua delação premiada fechada com a Procuradoria-geral da República (PGR), o advogado Nythalmar Dias Ferreira Filho acusou o juiz Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, de ter atuado deliberadamente para influenciar o resultado das eleições para o governo do estado do Rio de Janeiro de 2018. O objetivo seria favorecer ao então candidato e ex-juiz Wilson Witzel (PSC), que sofreu impeachment por corrupção.

Um anexo da delação foi entregue à PGR sob o título “Interferências nas eleições de 2018”. O acordo de colaboração foi fechado com a equipe do procurador-geral Augusto Aras há dois meses e tem o juiz Marcelo Bretas, que ficou famoso por suas duras sentenças no âmbito da Lava Jato do Rio, como o alvo principal.

No relato, Nythalmar disse que foi procurado pela advogada Ilcelene Valente Bottari depois do primeiro turno das eleições com um pedido: ela queria que o defensor, apontado por bancas de advogados como próximo ao juiz federal, se encontrasse com Betas “a fim de tentar costurar algum acordo para evitar novas interferências ilegais nas eleições para governador”.

A interferência a que se refere o delator foi o depoimento do ex-secretário municipal de Obras, Alexandre Pinto, no dia 4 de outubro de 2018, apenas cinco dias antes das eleições. Diante do juiz federal, Pinto acusou o ex-prefeito Paes de ter pedido propina a empresas responsáveis por obras na capital fluminense. O depoimento foi vazado para a imprensa, prejudicando a campanha de Paes, então líder nas pesquisas. Houve segundo turno entre Eduardo Paes e o estreante na política Witzel, considerado um azarão na disputa daquele ano.

Paes teria promerido abandonar a política em troca de “não ser perseguido” por Bretas

O delator revelou que, em busca de um armistício, já no segundo turno, o candidato Paes teria se comprometido, caso eleito, a nomear uma irmã do juiz Bretas para uma secretaria no futuro governo. Em outro acordo entre Paes, Bretas e Witzel, de acordo com Nythalmar, após a derrota, o ex-prefeito prometeu abandonar a política “em troca de não ser perseguido”. Por sua vez, o governador eleito Witzel nomeou Marcilene Cristina Bretas, irmã de Bretas, para um cargo na Controladoria-Geral do Estado.

Outra acusação do advogado está ligada ao processo contra o ex-dono da Delta Construtora, o qual representava na época. O delator Nythalmar apresentou à PGR um áudio no qual Bretas revela detalhes sobre um acordo com o então coordenador da Lava Jato no Rio, Leonardo Cardoso, para aliviar a pena de Fernando Cavendish, ex-proprietário da Delta. O intuito era fazer com que o advogado convencesse Cavendish a confessar o crime em troca da redução da pena.

Diante das revelações, o Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) solicitou ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) o afastamento e instauração de processo administrativo contra Marcelo Bretas, juiz da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

Redação

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